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DISCOGRAFIA

 

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CONCERTO ANTROPOFÁGICO
2012

01 Concerto Antropofágico (Rodolfo Stroeter, Ruriá Duprat, Paulo Bellinati, Nelson Ayres, Ricardo Mosca, Gilberto Gil)

02 O Velho Francisco (Chico Buarque)

03 Melodia Sentimental (Heitor Villa-Lobos e Dora Vasconcellos)

FORMAÇÃO

Nelson Ayres – piano, fender rhodes e teclados

Rodolfo Stroeter – baixo elétrico e baixo acústico

Paulo Bellinati – violão, violão de aço e violão elétrico

Teco Cardoso – saxofones, flautas e pífano

Ricardo Mosca – bateria

 

Mônica Salmaso – voz

John Neschling – regente

FICHA TÉCNICA

Gravado em dezembro/2008 na Sala São Paulo

Produtor de gravação, mixagem, edição e masterização – Uli Schneider

Assistentes de gravação – Marcio Jesus Torres (Tukasom), Fabio Myiahara e Mauro Santiago Gois

Projeto gráfico – André Rossit Sotiro

Disco lançado pela gravadora Biscoito Fino: direção geral – Kati Almeida Braga e direção artística – Olivia Hime.

John Neschling foi a fagulha. Presente ao concerto que fazíamos no Teatro Fecap com Mônica Salmaso, foi direto ao ponto: “- e se a gente pensar em alguma coisa que junte a OSESP, o Pau Brasil e a Mônica, para o concerto de final de ano?”. Marcamos a reunião dias depois e ali na sala da direção artística ele me pedia uma obra que tivesse um contorno mais extenso, como ele próprio chamou de um “concerto grosso”, criado pelo Pau Brasil. Me pediu uma maquete sinóptica, um planejamento.

 

Fui com aquilo  pra casa, matutando que na história de trinta anos do Pau Brasil, o ideário de um Brasil sonoro sempre esteve presente. Pensei que a música brasileira é uma das grandes utopias do mundo atual, já que – como escreveu Caetano Veloso a respeito da música popular brasileira – “ela (a MPB) tem sido, de fato,  para nós como para estrangeiros, o som do Brasil do descobrimento sonhado”. Dentro dessa visão procurei encontrar uma sinopse que pudesse ampliar esse conceito para a música instrumental, orquestral e ainda dar asas à imaginação para a criação de uma composição coletiva – porque escrita pelos componentes do grupo – mas que ainda assim encontrasse uma unidade temática que nos fizesse pensar, sonhar e criar em torno de um elemento comum. Esse elemento não poderia deixar de ser o Brasil. Nos veio a ideia então da criação do Concerto Antropofágico. Ao propor o tema e o tipo de desenvolvimento que  incitou a composição, senti grande satisfação e empatia com Neschling. Foi como se uma ideia pertinente mas inédita pudesse tomar forma.

 

Três movimentos (ou capítulos distintos) foram então imaginados:

 

O Estado Natural – ou seja, os nativos e seu convívio com a natureza selvagem, a vida em pindorama, a formação da tribo nativa e a última noite do índio antes da chegada das naus.

 

A Visão do Paraíso – a viagem dos portugueses nas caravelas, a descoberta da chegada e o embate entre as culturas nativas e estrangeiras.

 

Misturança das Três Raças – a presença da cultura africana entre nós, um canto-oração afro-brasileiro e um afro-samba que mistura todas as linguagens e encerra o concerto.

 

Cada um dos movimentos contém três peças que ora ligadas, ora executadas individualmente, pretendem criar um imaginário sonoro dinâmico e integrado à quimérica ideia de um Brasil que talvez nunca tenha existido de fato, mas que também de fato existe no inconsciente criativo de cada um de nós, criadores.Múltiplo por origem e por intenção, o Concerto Antropofágico procura não apenas – como o próprio nome indica – canibalizar uma visão original da nossa formação e da nossa mistura, mas, antes de tudo, fazer com que a oportunidade e o meio como foi criado possam ser expandidos em outros projetos, provando assim que “a contribuição milionária de todos os erros” preconizada por Oswald de Andrade seja, de fato, exercida por quem de direito, ou seja – nós – os artistas brasileiros.

 

Rodolfo Stroeter 

USABrazil