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DISCOGRAFIA

 

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METRÓPOLIS TROPICAL
1991

01 Planeta São Paulo (Lelo Nazario/Nenê) – 04:42

02 Espíritos da Mata (Rodolfo Stroeter) – 09:37

03 Queimada (Paulo Bellinati) – 05:18

04 Cheguei na Capital (Lelo Nazario) – 01:29

05 Perdido (Rodolfo Stroeter/Lelo Nazario) – 13:53

06 Cordilheira (Nenê) – 06:07

07 Metrópolis Tropical (Lelo Nazario) – 07:47

FORMAÇÃO

Lelo Nazario – piano e teclados

Rodolfo Stroeter – baixo elétrico e baixo acústico

Paulo Bellinati – violão, cavaquinho e viola

Teco Cardoso – saxofones, flauta e flautas de bambu

Nenê – bateria e percussão

FICHA TÉCNICA

Gravado no Rainbow Studio em Oslo, Noruega em julho/1991.

 

Produzido por Frédéric Pagès e Rodolfo Stroeter

Concepção e direção artística – Frédéric Pagès, Rodolfo Stroeter e Antonio Placer

Engenheiro de gravação e mixagem – Jan Erik Kongshaug

Masterização – Masterhuset – Oslo, Noruega

Gravações nas ruas de São Paulo – Luciano di Segni

Fotos – Orlando Vilas Boas, Gal Oppido, Epitácio Pessoa, Rolando de Freitas e Luis Prado

Concepção gráfica – J. N. Duru

 

Disco originalmente lançado pela gravadora Divina Comédia (França).

 

Ainda durante os shows da turnê europeia baseada no álbum Lá Vem a Tribo, já mais coeso, o quinteto aceitou o convite do músico e produtor Frédéric Pagès para fazer outro CD. Gravado no Rainbow Studio, em Oslo (na Noruega), Metrópolis Tropical permitiu que o Pau Brasil chegasse ao mercado europeu com um padrão sonoro mais apurado. O francês, que já estivera no Brasil, propôs que o grupo criasse um retrato musical da cidade de São Paulo.

 

“Eu e o Rodolfo passamos um dia inteiro, no centro de São Paulo, gravando todos os tipos de sons: ruídos da cidade, pessoas falando e vendendo coisas, cantadores de rua”, conta Lelo Nazario. “Aí levei as gravações para casa e fiz uma montagem eletroacústica mesmo, corte por corte, na fita magnética, de maneira bem tradicional. Criei duas trilhas, que andam por baixo de composições que tocamos nesse disco. Deram um efeito incrível. É música eletroacústica pura”, comenta o compositor e tecladista, referindo-se a faixas como “Abertura: Planeta São Paulo” e “Cheguei na Capital”.

 

Marcado por composições mais extensas, criadas ou arranjadas com a intenção de representar diferentes facetas da metrópole paulistana, o quinto álbum do Pau Brasil reúne temas inéditos, como a faixa-título “Metrópolis Tropical” (de Nazario) e “Cordilheira” (do baterista Nenê), que reapareceram em versões diferentes, em discos posteriores do grupo. Rodolfo Stroeter contribuiu com a suíte “Perdido (Lendas da Cidade)”, feita em parceria com Nazario, e com a vibrante “Espíritos da Mata (Saci e Curupira no Bambuzal)”, parceria com Nenê, que inclui vários improvisos individuais. “Queimada”, de Paulo Bellinati, destaca seu virtuosismo à viola caipira.

 

A experiência de gravar no Rainbow Studio, contando com todo o know-how do cultuado engenheiro de som Jan Erik Kongshaug, que já havia deixado sua marca em inúmeros álbuns do selo ECM, foi uma experiência inesquecível para os integrantes do grupo. “Depois de passar 15 ou 20 dias tocando aquele som em concertos pela Europa, com o maior tesão, ir para um estúdio como o de Oslo e gravar ‘ao vivo’ aquele material super fresco foi demais”, lembra Teco Cardoso.

 

“A gravação ficou uma maravilha. Aquele estúdio não tem paralelo, não existe outro como ele. Conviver com o Erik foi uma experiência incrível. Ele é um dos poucos caras que podem ser chamados de gênio, no mundo, em termos de engenharia de som. Você não acredita na hora que ouve o som daquele estúdio”, comenta Nazario.

 

Nesse período, o grupo já estava concentrando seus esforços para crescer no mercado internacional. “Começamos a tocar muito mais na Europa e nos Estados Unidos, quase desaparecemos do Brasil. Mesmo sem fazer isso racionalmente, com o tempo passamos a pensar em repertório para tocar no New Morning de Paris, não mais para tocar no Brasil”, comenta Stroeter, explicando como a orientação da carreira do grupo mudou nessa fase.

 

“Mesmo que a nossa música ainda fosse bastante brasileira, ela surpreendia as plateias estrangeiras por ter uma linguagem contemporânea, que não era a linguagem do jazz. Eu tinha certeza de que, se conseguíssemos pôr o pé na Europa com uma sonoridade mais adequada, poderíamos fazer uma carreira lá, até porque tínhamos um empresário muito forte. Trabalhamos muito nessa fase, coletivamente, para transformar o Pau Brasil em um produto de exportação. O Lelo e o Nenê colaboraram muito para isso”, credita o baixista.

 

Ironicamente, embora tivesse um grande potencial para repercutir muito mais na Europa, Metrópolis Tropical foi prejudicado pela falta de divulgação e apoio do selo Divina Comedia, que fechou logo após o lançamento do disco. “Chegamos a fazer shows com esse trabalho, mas não tanto quanto poderíamos se ainda tivéssemos o apoio da gravadora.”, lamenta Stroeter, sem deixar de elogiar o produtor francês, idealizador do projeto. “Foi uma aventura independente de um cara muito idealista, amante do Brasil, da música e da literatura brasileiras”.

 

Ainda assim, o quinto álbum do Pau Brasil continuou repercutindo. Em sua edição de abril de 2012, a conceituada revista francesa Jazz Magazine incluiu Metrópolis Tropical em uma seleção de “pepitas” do jazz brasileiro: 80 dos melhores álbuns dessa vertente musical foram escolhidos e comentados pelo elenco de críticos dessa publicação.   

USABrazil