Your address will show here +12 34 56 78
DISCOGRAFIA

 

  • Text Hover
LÁ VEM A TRIBO
1989

01 Lá Vem a Tribo (Rodolfo Stroeter/Paulo Bellinati) – 08:56

02 Moda de Viola (Rodolfo Stroeter/Paulo Bellinati) – 04:31

03 Pano de Louça (Paulo Bellinati) – 04:07

04 Saudades e Saudações (Rodolfo Stroeter/Paulo Bellinati) – 03:59

05 Flecha de Prata (Lelo Nazario) – 05:01

06 Valsa Brilhante (Paulo Bellinati) – 05:31

07 Flor do Sul (Lelo Nazario) / De Porto Alegre a Uruguaiana (Nenê) – 08:56

08 Funeral (Paulo Bellinati) – 02:48

09 Tutty Legal (Nenê) – 05:42

FORMAÇÃO

Lelo Nazario – piano e teclados

Rodolfo Stroeter – baixo elétrico e baixo acústico

Paulo Bellinati – violão, guitarra, cavaquinho e viola

Teco Cardoso – saxofones, flauta e flautas de bambu

Nenê – bateria e percussão

FICHA TÉCNICA

Na faixa Pano de Louça, participação especial de Toninho Ferragutti (acordeon).

Gravado no estúdio Cardan em fevereiro de 1989.

Produção executiva – Odair e Fá Assad

Engenheiro de gravação – Sergio Kenji Okuda (Shaolin)

Assistentes de estúdio – Fabio Rigobelo e Maria Fernanda Monteiro

Direção musical – Paulo Bellinati e Rodolfo Stroeter

Foto – Gal Oppido

 

Disco originalmente lançado pela gravadora GHA Records (Bélgica).

Gravado a convite do violonista e produtor Odair Assad, para o selo belga GHA, Lá Vem a Tribo é um álbum de transição na trajetória do Pau Brasil. Esboça uma nova fase, desencadeada pelas saídas de dois membros da formação original: o saxofonista Roberto Sion e, pouco depois, o pianista Nelson Ayres, que foram substituídos por Teco Cardoso e Lelo Nazario.

 

“Nessa época eu e o Paulo trabalhamos muito juntos”, relembra Rodolfo Stroeter, observando que essa parceria foi essencial para manter a identidade que o grupo tinha cultivado até então. “Eu e o Paulo fizemos três músicas para esse disco: ‘Lá Vem a Tribo’, ‘Moda de Viola’ e ‘Saudades e Saudações’. E ele ainda trouxe ‘Funeral’, a ‘Valsa Brilhante’ e ‘Pano de Louça’, que é uma quadrilha sertaneja”.

 

Parte do material desse álbum já vinha sendo tocado pelo grupo, em 1998, quando Ayres anunciou sua decisão de sair. “A mudança de um pianista é muito mais complicada do que a de um saxofonista, porque ele estrutura mais um grupo”, comenta Stroeter. “O Lelo se dedicou bastante para fazer as gravações de ‘Saudades e Saudações’, quase uma bossa nova, ou a ‘Valsa Brilhante’, uma peça fechada e meio erudita, que traziam elementos e nuances musicais diferentes de seu estilo”.

  

 Quando um novo integrante ingressa no Pau Brasil, levando novas composições, o resto do quinteto interage com ele e se adapta, observa Stroeter. “O Lelo trouxe suas colaborações para o repertório e o grupo foi se moldando à maneira que ele tocava e programava os sintetizadores. Essa é a ideia: ter no grupo um movimento permanente, em função das colaborações de todos os músicos. Por isso os nossos discos são bem diferentes uns dos outros”.

 

“Todas as composições para o Lá Vem a Tribo já estavam prontas, quando cheguei, menos as minhas. O grupo já tinha, inclusive, tocado esse material com o Nelson Ayres, em uma turnê pela Europa, pouco antes de minha chegada. Compus ‘Flor do Sul’ para o Nenê”, relembra Nazario.

 

Depois de tocar ritmos tradicionais e diversas formas da música brasileira, nos discos anteriores, o quinteto decidiu abordar uma vertente que ainda não havia explorado: a música indígena. “Sempre tive a preocupação de trazer o repertório do Pau Brasil para antes do samba, para o início da história do Brasil. Eu achava que deveríamos ao menos lembrar um aspecto mais selvagem do país”, relata Stroeter.

 

 A intenção de abordar o universo musical indígena gerou a composição “Lá Vem a Tribo”, parceria de Stroeter e Bellinati, que abre o álbum e serviu de tema para a inusitada foto da capa (substituída numa edição posterior). “Não lembro mais de quem foi a ideia. Aquela foi, provavelmente, a pior capa que eu já vi até hoje, ao menos entre discos de jazz”, comenta Stroeter, rindo, ao se referir à imagem dos músicos do grupo, sem camisas, com os rostos pintados e adereços, tentando simular indígenas, apesar das barbas e bigodes.

 

 Um grupo que levasse muito mais a sério sua imagem provavelmente teria recusado posar para uma foto tão bizarra. Mas o costumeiro bom humor do Pau Brasil se manifestou, mais uma vez.  “Foi uma curtição termos que ir ao estúdio, para sermos fotografados como índios. Muito divertido”, recorda Nazario.   

 

Curiosamente, a imagem dos “bons selvagens” brasileiros parece ter ajudado a despertar a atenção de parte da imprensa europeia para a música do grupo. “Essa foto rendeu boas resenhas em pelo menos três ou quatro jornais de expressão na Europa. Quase todas se referiam à nossa música, repetindo algo como ‘de sons primitivos à música contemporânea’”, relembra Stroeter.

USABrazil